tag:blogger.com,1999:blog-50858488475592718532024-02-19T02:57:17.578+00:00SONS E SILÊNCIO...murmúrios da alma!DORAhttp://www.blogger.com/profile/11627437114899781191noreply@blogger.comBlogger14125tag:blogger.com,1999:blog-5085848847559271853.post-49577214441080831262010-06-09T12:53:00.000+01:002010-06-09T12:55:15.220+01:00CaisPequenas aves de luz<br />saltam de lâmpada em lâmpada<br />a incendiar as ruas<br />lentamente.<br /><br />Chovem cassiopeias<br />nas mãos abertas:<br />é noite, o frio aperta<br />e enrola-se nos ossos<br />a trazer-me todos os desertos<br />à boca.<br /><br />A vertigem das palavras<br />na ponta dos dedos<br />a pouco e pouco: é noite:<br />basta um nome num mar de corpos<br />para dar uma voz mais quente<br />aos nossos gestos.<br /><br />Alguém me escreveu algures:<br />com as mãos, com o lume aceso<br />dos silêncios, com o mel do verão:<br />todos os poemas, dizes-me,<br />são fracções de outros poemas;<br /><br />mas onde desaguam as mãos,<br />afinal, no entardecer do sangue?<br /><br />A dor repete-se,<br />a voz repete o peso do pó<br />sobre os lábios e as casas calam-se<br />num silêncio absurdamente silêncio:<br /><br />hoje, morreu tudo na minha boca.<br /><br />João CoelhoDORAhttp://www.blogger.com/profile/11627437114899781191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5085848847559271853.post-39094280228503241352010-06-09T12:51:00.000+01:002010-06-09T12:52:57.785+01:00FEBREDizes: tenho medo<br />que um dia o meu nome<br />já não beba dos teus lábios.<br /><br />E eu digo: a minha voz<br />rema por estradas<br />de vento indeciso<br />e divide-se<br />por todas as aves<br />na noite mais pesada--<br /><br />e uma delas há-de sempre<br />chegar a ti:<br />basta que nos percamos<br />na geografia dos corpos,<br />eu e tu.<br /><br />João CoelhoDORAhttp://www.blogger.com/profile/11627437114899781191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5085848847559271853.post-76496477550218586942010-06-09T12:42:00.001+01:002010-06-09T12:47:32.306+01:00CianoseNada me pertence;<br />as frases repetidas<br />e a inabalável cascata<br />dos versos: nada me pertence.<br /><br />Anoiteces-me num mar negro<br />que se arrasta pelas ruasc<br />om a pressa das palavras<br />e já nada me pertence.<br /><br />Se algo me sobrar de cada poema,<br />a solidão em estado líquido,<br />a vertigem e o sobressalto<br />ou a noite em estilhaços,<br />entorná-los-ei no teu peito<br />como quem morre<br />de dentro para fora<br />à espera do verão.<br /><br />João CoelhoDORAhttp://www.blogger.com/profile/11627437114899781191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5085848847559271853.post-12135546517330011722010-06-09T12:40:00.000+01:002010-06-09T12:41:24.547+01:00HOJEhoje<br />o sol<br />inventou<br />o desabrochar<br /><br />os campos<br />inventaram<br />as flores<br /><br />as flores<br />inventaram<br />a terra<br /><br />a terra<br />nasceu<br />do sangue<br /><br />alguém<br />inventou<br />a chuva<br />de braços<br />sempre abertos<br /><br />alguém<br />inventou<br />o mar<br />para<br />nos engolir<br />por inteiro<br /><br />alguém<br />inventou<br />a sede<br />a saudade<br /><br />alguém<br />em lágrimas<br />inventou<br />a saudade<br />e deu-a de comer<br />ao mundo<br /><br />e eu<br />continuo assim<br />sem voo equivalente<br /><br />as mãos<br />sempre<br />tão sujas<br />de palavras,<br /><br />os dias<br />continuam assim,<br />vagabundos<br /><br />e as chaves<br />continuam na mesa<br />sem uma porta<br />que lhes sirva<br /><br />e tu sentas-te<br />e esperas<br />que o mundo<br />te sopre ao ouvido<br /><br />com o sangue assim,<br />em ruínas, à espera<br />de um nome<br />que não o teu,<br />um nome que te sirva,<br />um corpo<br />que não o teu,<br />uma sombra<br />que não se extinga.<br /><br />continuas assim,<br />e dás-me a tua morte<br />a beber,<br />abres-me as mãos<br />e dás-me a beber<br />da tua infância<br />como quem apodrece<br /><br />e eu só pedia<br />que as minhas mãos<br />não fossem centopeias<br />nas tuas,<br />um nevoeiro<br />de aves<br /><br />para não continuar assim,<br />sem voo equivalente.<br /><br />JOÃO COELHODORAhttp://www.blogger.com/profile/11627437114899781191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5085848847559271853.post-85336485718374650432010-06-09T12:33:00.003+01:002010-06-09T12:37:32.758+01:00ESTAVAS TRISTEestavas triste quando morreste,<br />avô. há muito se despedia de nós<br />o teu corpo, os teus lábios azuis<br />de quem naufraga no mar<br />e não sabe o caminho de volta.<br /><br />levaste contigo o riso das coisas<br />e quiseste que esquecêssemos o teu nome,<br />agora uma aragem fria que nos dói na voz<br />e faz das casas vertigem,<br />mas o teu nome agora é lume<br />por dentro de tudo<br />o que te pertenceu<br />e a mesa continua vazia de ti,<br />avô, e deixaste o teu toque<br />em todas as coisas:<br />nos livros que folheaste,<br />nas cartas que escreveste,<br />na pele cansada da tua viúva,<br />nos anos que levaste<br />a percorrer-nos por inteiro.<br /><br />as tuas mãos, avô.<br />as tuas mãos a florir em todas as coisas,<br />as nossas mãos a vaguear nevoeiro fora<br />à procura de um qualquer significado<br />para já cá não estares.<br /><br />estavas triste quando morreste,<br />e os dias acordavam-te nublados.<br />dissemos-te adeus com um poema<br />e um punhado de terra que agora é tua,<br />para te dizer que agora és também tu a terra<br />mas que a alma deixaste connosco<br />para sempre;<br /><br />entregámo-nos assim, avô,<br />ao sal da tua ausência,<br />ao sal dos rostos e da tua morte<br />a encher os dias de silêncio<br />para nos ensinar que a tua dor<br />será para sempre nossa também.<br /><br />João CoelhoDORAhttp://www.blogger.com/profile/11627437114899781191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5085848847559271853.post-22595614827972825432010-06-09T12:26:00.001+01:002010-06-09T12:32:06.573+01:00POUSOU À JANELApousou à janela<br />uma escuridão profunda<br />enquanto te escrevo.<br /><br />acredito (e sei)<br />que nunca vais ler estas palavras,<br />talvez por nos termos perdidono caos dos lábios<br />ou por nunca termos falado<br />a mesma linguagem,<br />mas são tuas; sempre o foram.<br /><br />ouve-me: a<br /> noite chegou por fim às nossas mãos<br />e há um nome que se repete<br />no indomável eco dos nomes:<br />não é o teu nome, nem o meu;nunca o foi.<br /><br />dizias-me: há um cegar<br />por dentro do teu peito<br />que nunca será meu,<br />e tinhas razão.<br />nada em mim sabe negá-lo.<br /><br />será isto morrer?<br />saber-te apenas paisagem?<br />saber haver aves<br />que abdicaram do voo<br />para que o teu corpo<br />me chegasse por inteiro?<br /><br />o que eu sei é que pouco ou nada te sei.<br />é esta a verdade mais universal<br />enquanto te escrevo, assim,<br />sentado à mesma porta<br />que há anos abri à tua sede.<br /><br />corrijo: nunca te soube,<br />e fizeste dos dias<br />um lugar impossível;<br /><br />a noite inclina-se sobre as mãos<br />e há um cegar bem por dentro do meu peito<br />que nunca será teu nem meu<br />(nem de ninguém ao certo, sabes),<br />onde a única promessa<br />é a certeza da morte<br />e dos nossos gestos<br />como animais feridos.<br /><br />é essa a verdade mais universal:<br />não haver mais nada<br />que possas querer levar daqui,<br />e que de mim levaste já quase tudo.<br /><br />ouve: houvesse uma porta<br />por detrás de cada nome<br />que fosse a tua voz,<br />e só a tua voz,<br />para me negar<br />a impossibilidade<br />de voltar atrás,<br />e eu não teria<br />que te escrever assim,<br />como quem desiste<br />do seu próprio sangue<br />e da sua própria fome.<br /><br />João CoelhoDORAhttp://www.blogger.com/profile/11627437114899781191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5085848847559271853.post-8064097080489675882010-06-09T12:20:00.001+01:002010-06-09T12:23:27.195+01:00BRUMAGosto de te observar enquanto<br />Danças ao som daquela<br />Melodia inebriante<br />Que só tu percebes;<br /><br />De te olhar enquanto<br />Me falas em tons de veludo<br />Que me fazem perceber a música,<br />Apanágio só teu;<br /><br />De te amar enquanto<br />Me explicas como o amar<br />Não é senão um verbo<br />E aquilo que nos distingue<br />O doce flutuar do teu cabelo<br />Nas ondas do vento.<br /><br />Moves-te como se a natureza<br />Fosse uma extensão do teu corpo<br />Percorrendo áleas e encostas<br />De vidro pintadas.<br /><br />Admiro-te.<br /><br />A ti e à forma como te desnudas da tua indumentária<br />De viandante e te disfarças de lascívia<br />Como se um regato nascesse do teu olhar<br />Por um qualquer capricho transcendente.<br /><br />Só te quero ver assim,<br />Livre de prantos,<br />Deidade cintilante<br />No altar de todas as manhãs.<br /><br />João CoelhoDORAhttp://www.blogger.com/profile/11627437114899781191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5085848847559271853.post-21473003158259407432008-03-24T19:48:00.003+00:002008-03-24T20:12:36.977+00:00PENSAMENTO/INEXISTÊNCIA<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJqBq2rRuI9ZiwC01WRkW5ClMejRyRan7RFliRJOJQ93wlXFz3ivEZ7-UmvHeE88e_QlTAYUjpUdij2esjOg5-ruvn19wPYDQw8YBcx-Q3WzXIXOkXRwjbonO97Cl1gV3lqP7REvSB73M/s1600-h/pensamento.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5181403518247332354" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 162px; CURSOR: hand; HEIGHT: 191px" height="208" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJqBq2rRuI9ZiwC01WRkW5ClMejRyRan7RFliRJOJQ93wlXFz3ivEZ7-UmvHeE88e_QlTAYUjpUdij2esjOg5-ruvn19wPYDQw8YBcx-Q3WzXIXOkXRwjbonO97Cl1gV3lqP7REvSB73M/s200/pensamento.jpg" width="180" border="0" /></a><br /><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgErOcmP8xm74c7Ja_X09zCVOm2QvXDf8H58LQNGG_BpuX7ZWoDZp8kREhjtDtwHkLPTU524I3i3vRuk3DQAYkXD8mesMlc7phTs8dNfftJwvNgzrnDuQ5QM6nLeHdriEI0nL1M3qInTQU/s1600-h/pensamento.jpg"></a>O sopro do que sou<br />Desceu devagarinho...<br />Reconheço-te.<br />Não com todos os sentidos,<br />Tão só com aqueles que inventamos<br />No nosso intimo espaço de inexistência...<br />A distância dos risos e dos corpos,<br />Tornou-se a nossa intimidade.<br />Vejo-te;<br />Com o teu sortido de idades misturadas,<br />Quando te olho,<br />Com o meu olhar passivo,<br />Habituado já<br />A esta forma de relativa entrega.<br />A vida que nos existe<br />Tornou-se assim, simples e complexa,<br />Numa verdade por existir,<br />Toda feita de presente que inibria,<br />Num lugar sem lugar...<br />Concentro-me em ti!<br />Sinto aromas por inventar,<br />Num casulo<br />Onde nada chega e tudo te dou.<br />Através da memória tão meiga de ti,<br />Eu existo...<br />Existo em deliciosas vertigens<br />De intimidade comigo mesma,<br />E vou, num crescendo,<br />Ao mais fundo de mim.<br />Deslizo para o interior<br />Do que me existe há muito,<br />Que desconheço ainda,<br />Mas que sei que me completa.<br />Tu...deste-me<br />Uma nova consciência do meu ser<br />Ainda em desordem;<br />Acaricias-me a alma nas minhas insónias!<br />Apavora-me<br />A inevitável intranquilidade<br />De ficar só com o meu interior<br />E ter que te deixar partir<br />Para a margem da minha história.<br />Tenho tanto para te viver.<br />Temos histórias que não contámos;<br />Horas que nos esquecemos de viver;<br />Temos sonhos contagiados<br />Que nos unem para sempre.<br />Não me abandones<br />No frio da minha madrugada.<br /><br /><div></div><br /><br /><div>DORA</div></div>DORAhttp://www.blogger.com/profile/11627437114899781191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5085848847559271853.post-32145690849810326942008-03-21T23:29:00.007+00:002008-03-21T23:49:40.243+00:00MONÓLOGO DE EXISTIR<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0gAKEVTXg8yeYmW3UB-_bbcyVWWWxFQhU40rnAjCqkCp6S0Vp7ZZpGjSvVp5k8ebj0xO7JC0ZwyD54U_3Qs4WMwkc9-3hR6jwZYRNQZAPf2zNUMfxepB7XLT11HH-1EOijw-yjppRTQo/s1600-h/acordar.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5180345861075855826" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 164px; CURSOR: hand; HEIGHT: 123px" height="153" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0gAKEVTXg8yeYmW3UB-_bbcyVWWWxFQhU40rnAjCqkCp6S0Vp7ZZpGjSvVp5k8ebj0xO7JC0ZwyD54U_3Qs4WMwkc9-3hR6jwZYRNQZAPf2zNUMfxepB7XLT11HH-1EOijw-yjppRTQo/s320/acordar.jpg" width="206" border="0" /></a> Onde é que eu começo?<br />O teu cheiro será igual à minha vontade de ti?<br />Os meus cabelos e os teus dedos perdem-se no tempo dos ventos antigos,<br />Numa dimensão paralela.<br />E esta sombra do que sou,<br />Projecta-se no novo sonho de aura azul;<br />Nesses olhos imensos que só vejo com a alma;<br />Na tua extensão de mim<br />Que me impões,<br />Que me absorve,<br />Que me estimula e assimila,<br />Como o horizonte a puxar o sol do fim do dia – irremediavelmente...<br />As tuas estrelas pulsam nas palavras<br />Que não preciso dizer...<br />Lês os meus olhos sem que os vejas.<br />Nem precisas...<br />Cúmplice de mim,<br />Ansioso,<br />Flutuas na minha madrugada, algo opaco.<br />Desabo então para o interior dos meus excessos de existência...<br />Contigo<br />Num caudal de entendimentos novos,<br />sem clausuras,<br />Loucos... raros... únicos,<br />como se eu merecesse por fim!<br />Resistirei?<br />A infiltração quotidiana do teu ser, em horas confidentes<br />Escondidas nas madrugadas multicores,<br />Arrancam cintilações<br />Das palavras que me adivinhas.<br />Já não sou só um momento,<br />Sou o lume que veio ao meu encontro.<br />E sobes pela minha vida<br />Sem que eu o pressinta,<br />Enlouquecida de insónias!!!<br /><div><div><br />DORA </div></div>DORAhttp://www.blogger.com/profile/11627437114899781191noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5085848847559271853.post-83507720824043352292008-03-21T17:25:00.004+00:002008-03-21T23:50:03.603+00:00ESTÁTICA<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRfTlEJIbgfUvMl1RUTeTLCXbVgKlR0PNEU4hqmYC2fx6-9E27CayulYCx3K6AZU0xagJbVQ8nyogvyFuTc6aDW_LZ8I8Xjt-qS44wmmepbCZZx_0q0v25CX-GO4X0P-xwqfJ-CSpyTxk/s1600-h/est%C3%A1tica.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5180248863534442914" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 159px; CURSOR: hand; HEIGHT: 129px" height="181" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRfTlEJIbgfUvMl1RUTeTLCXbVgKlR0PNEU4hqmYC2fx6-9E27CayulYCx3K6AZU0xagJbVQ8nyogvyFuTc6aDW_LZ8I8Xjt-qS44wmmepbCZZx_0q0v25CX-GO4X0P-xwqfJ-CSpyTxk/s320/est%C3%A1tica.jpg" width="187" border="0" /></a>Voemos como aves de neblina<br />pelas penas da manhã<br />onde me esqueço<br />onde acabo e tu começas.<br /><br />Acordemos soprando o pó<br />que dorme nos nossos lábios<br />enquanto as cortinas respiram<br />vultos como sóis enfermos,<br />poisemos nas vértebras do vento<br />e lancemos as horas pela janela;<br /><br />Aqui, nascendo deste útero de vento,<br />desabemos em corpos de estática<br />enquanto ferimos a linguagem<br />da nossa própria carne,<br />respiramos as vagas<br />de um luar escuro<br />e engulimos o assobio das aves<br />de todas as meias-noites:<br /><br />Trepemos os candeeiros de rouxinóis<br />onde a voz do fado se faz sentir<br />no suspirar do vento e segues<br />o rumo das constelações com cada suspiro.<br /><br />Shh, eis que chega mais um pôr-do-sol<br />que murcha de encontro ao mar<br />como areias movediças,<br />branco ricochete de estrelas: dorme,<br />dorme que é tempo das nossas sombras<br />ronronarem como folhas ao vento:<br /><br />Dorme.<br /><br />João CoelhoDORAhttp://www.blogger.com/profile/11627437114899781191noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5085848847559271853.post-9699607790565777132008-03-21T17:18:00.003+00:002008-03-21T23:50:38.974+00:00ECOS<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjg0uYwdveSJFWN4YZXjKmPL-35dTgUxmZf-ZamVMeDH2bwTkHYfoWx8K2Rz235BV42_wZYVgt80YSKwx_0vpcz6j1MK_7vzuxC71hvdCZAGZ8E_baHrZLZyNmOvwjVvBy0Xl2oAi2BZmo/s1600-h/lua.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5180246505597397394" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 178px; CURSOR: hand; HEIGHT: 155px" height="247" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjg0uYwdveSJFWN4YZXjKmPL-35dTgUxmZf-ZamVMeDH2bwTkHYfoWx8K2Rz235BV42_wZYVgt80YSKwx_0vpcz6j1MK_7vzuxC71hvdCZAGZ8E_baHrZLZyNmOvwjVvBy0Xl2oAi2BZmo/s320/lua.jpg" width="242" border="0" /></a><br /><div>Tropeço, vagabundo,</div><br /><div>no passeio inflamado;</div><br /><div></div><br /><div>O som de vozes</div><br /><div>e passos repetidos</div><br /><div>soa vago, ecoando</div><br /><div>no meu peito.A</div><br /><div></div><br /><div>lua corre apressada</div><br /><div>e entorna a sua cal</div><br /><div>nos meus lábios.</div><br /><div></div><br /><div>"E se eu pousarno teu poema esta noite?"</div><br /><div></div><br /><div>Pousa; pousa e ler-te-ei.</div><br /><div></div><br /><div>João Paulo Coelho</div>DORAhttp://www.blogger.com/profile/11627437114899781191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5085848847559271853.post-891811999835663512008-03-21T16:30:00.004+00:002008-03-21T23:50:18.867+00:00FARPAS<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiy2XLQeD-XfruY1Vgq5vIOZiTgk9OMaXJMwlSf0XOHrPb1Wb1qlqIJWbCZsBwr1kVUXOThFFeKyMu3m7MoV-8eVjemAIZMM073gNPAqbltGqyViQODEamRWzE6EKo5lyc39qGFdnSfyV0/s1600-h/opacidade.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5180346067234286050" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 146px; CURSOR: hand; HEIGHT: 146px" height="167" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiy2XLQeD-XfruY1Vgq5vIOZiTgk9OMaXJMwlSf0XOHrPb1Wb1qlqIJWbCZsBwr1kVUXOThFFeKyMu3m7MoV-8eVjemAIZMM073gNPAqbltGqyViQODEamRWzE6EKo5lyc39qGFdnSfyV0/s200/opacidade.jpg" width="168" border="0" /></a> Aqui me sento feito poeira irrequieta<br />e amarga que não me cabe no peito<br />a pensar que as horas caladas são um navio<br />de raiva e de lume e que o frio<br />range na janela como a cal dos rios;<br /><br />aqui me deito eu de coração inclinado<br />sobre o bafejar das sílabas dormentes<br />a redescobrir o silêncio, convencido<br />de que o tempo é tão pesado<br />quanto a mão que o carrega,<br />abismo passageiro do corpo-ânsia.<br /><br />Aqui me sento incansável<br />sobre a sombra da minha sombra<br />a ver o mar deslizar lento<br />(sempre lento) nos meus ombros<br />como um formigueiro debaixo<br />da língua indecisa,<br /><br />teimoso em fingir que tenho<br />a morte a morder a lua<br />na minha mão febril e que já não sei<br />se é silêncio ou labareda<br />este som que arrepia<br />a distância e sacode o pó<br />das minhas pálpebras<br />quando finjo dormir.<br /><br />19/2/8<br /><br />João Paulo CoelhoDORAhttp://www.blogger.com/profile/11627437114899781191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5085848847559271853.post-6900821681708025042008-03-20T22:54:00.002+00:002008-03-21T23:51:40.935+00:00CONSCIÊNCIA CALADASuspensa na corrente dos meus dias incolores<br />Feitos de cansaços… de limites,<br />Espero ansiosa, temerosa, <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBuffyRRZYicrm6pnOP1LvpWSBNU0cjC2gW-9oB-zZe22wuuBsTnxQ0gGegm8cmk4QWJPNj24Rdkw-lIkKfsWmPxPoU70rel1Nvncc2K_BdLaHizx5Vb46J4lFzSwTjcBbnuffmVFipZc/s1600-h/folha.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5179961757855607138" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 166px; CURSOR: hand; HEIGHT: 81px" height="163" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBuffyRRZYicrm6pnOP1LvpWSBNU0cjC2gW-9oB-zZe22wuuBsTnxQ0gGegm8cmk4QWJPNj24Rdkw-lIkKfsWmPxPoU70rel1Nvncc2K_BdLaHizx5Vb46J4lFzSwTjcBbnuffmVFipZc/s320/folha.jpg" width="253" border="0" /></a><br />Que a nuvem onde escondo as ilusões…<br />Me absorva nos meus sonhos de menina.<br />Só nela há conforto;<br />Para o corpo entristecido,<br />Para a alma desgastada,<br />Para o olhar recolhido de solidão…<br />Que nem são meus!<br />Única, serena, a minha nuvem;<br />Espaço de ternura morna que é abrigo,<br />De quem já nada espera fora dela.<br />Aí me vivo.<br />Revejo meus contornos desfocados<br />Como se o beiral onde pousam pássaros,<br />Não fosse a minha alma,<br />Como se nada fosse em mim o que vivi,<br />E as folhas outonais<br />Que noto caídas…<br />Não são páginas da minha vida,<br />São sim outras vidas em mim…<br />Que já passaram!<br />Penduro-me hesitante<br />Em pedaços dessa nuvem.<br />Procuro, insistente,<br />O lugar em mim onde há vontades<br />E sonhos por viver…<br />Mas eu sou, afinal,<br />A folha outonal envelhecida,<br />Apagada,<br />Caída há muito sem me ter apercebido!<br />DORADORAhttp://www.blogger.com/profile/11627437114899781191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5085848847559271853.post-54470300875567970572008-03-16T17:52:00.000+00:002008-03-20T22:59:34.193+00:00Espaço de Sons e SilêncioPára... deixa o teu sentir!DORAhttp://www.blogger.com/profile/11627437114899781191noreply@blogger.com1