Suspensa na corrente dos meus dias incolores
Feitos de cansaços… de limites,
Espero ansiosa, temerosa,
Que a nuvem onde escondo as ilusões…
Me absorva nos meus sonhos de menina.
Só nela há conforto;
Para o corpo entristecido,
Para a alma desgastada,
Para o olhar recolhido de solidão…
Que nem são meus!
Única, serena, a minha nuvem;
Espaço de ternura morna que é abrigo,
De quem já nada espera fora dela.
Aí me vivo.
Revejo meus contornos desfocados
Como se o beiral onde pousam pássaros,
Não fosse a minha alma,
Como se nada fosse em mim o que vivi,
E as folhas outonais
Que noto caídas…
Não são páginas da minha vida,
São sim outras vidas em mim…
Que já passaram!
Penduro-me hesitante
Em pedaços dessa nuvem.
Procuro, insistente,
O lugar em mim onde há vontades
E sonhos por viver…
Mas eu sou, afinal,
A folha outonal envelhecida,
Apagada,
Caída há muito sem me ter apercebido!
DORA
20 março 2008
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