"Sou um evadido.
Logo que nasci
Fecharam-me em mim,
Ah, mas eu fugi."

Fernando Pessoa

MADRUGADAS

21 março 2008

MONÓLOGO DE EXISTIR

Onde é que eu começo?
O teu cheiro será igual à minha vontade de ti?
Os meus cabelos e os teus dedos perdem-se no tempo dos ventos antigos,
Numa dimensão paralela.
E esta sombra do que sou,
Projecta-se no novo sonho de aura azul;
Nesses olhos imensos que só vejo com a alma;
Na tua extensão de mim
Que me impões,
Que me absorve,
Que me estimula e assimila,
Como o horizonte a puxar o sol do fim do dia – irremediavelmente...
As tuas estrelas pulsam nas palavras
Que não preciso dizer...
Lês os meus olhos sem que os vejas.
Nem precisas...
Cúmplice de mim,
Ansioso,
Flutuas na minha madrugada, algo opaco.
Desabo então para o interior dos meus excessos de existência...
Contigo
Num caudal de entendimentos novos,
sem clausuras,
Loucos... raros... únicos,
como se eu merecesse por fim!
Resistirei?
A infiltração quotidiana do teu ser, em horas confidentes
Escondidas nas madrugadas multicores,
Arrancam cintilações
Das palavras que me adivinhas.
Já não sou só um momento,
Sou o lume que veio ao meu encontro.
E sobes pela minha vida
Sem que eu o pressinta,
Enlouquecida de insónias!!!

DORA

1 comentário:

Gu disse...

Fiquei encantada, prof Dora! Escreve muito bem, devia de apostar nos poemas! Continue