Voemos como aves de neblina
pelas penas da manhã
onde me esqueço
onde acabo e tu começas.
Acordemos soprando o pó
que dorme nos nossos lábios
enquanto as cortinas respiram
vultos como sóis enfermos,
poisemos nas vértebras do vento
e lancemos as horas pela janela;
Aqui, nascendo deste útero de vento,
desabemos em corpos de estática
enquanto ferimos a linguagem
da nossa própria carne,
respiramos as vagas
de um luar escuro
e engulimos o assobio das aves
de todas as meias-noites:
Trepemos os candeeiros de rouxinóis
onde a voz do fado se faz sentir
no suspirar do vento e segues
o rumo das constelações com cada suspiro.
Shh, eis que chega mais um pôr-do-sol
que murcha de encontro ao mar
como areias movediças,
branco ricochete de estrelas: dorme,
dorme que é tempo das nossas sombras
ronronarem como folhas ao vento:
Dorme.
João Coelho
21 março 2008
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1 comentário:
João as tuas palavras são gritos silenciosos...
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